Imagine a seguinte situação: uma pessoa sente fortes dores de cabeça e, então, resolve procurar um médico. Na dúvida sobre qual especialista consultar, ela passa por um clínico geral, um oftalmologista e um neurologista. Cada um dos profissionais solicita exames em diferentes instituições de saúde. O paciente ainda é encaminhado mais algumas vezes para outros especialistas, sem uma integralização do cuidado e sem o acompanhamento contínuo. No fim, para chegar ao seu diagnóstico, levou-se mais tempo do que era necessário.
Cenários como esse são apenas um exemplo de um mal conhecido: a fragmentação do sistema de saúde, desde a suspeita de uma doença até o tratamento. Para o paciente oncológico, esse é um obstáculo particularmente prejudicial, já que o câncer é uma doença tempo-dependente.
Vale ressaltar que, por meio da Lei n.º 12.732 de 2012, o Ministério da Saúde estabelece um prazo máximo de 60 dias para que o paciente inicie o seu primeiro tratamento oncológico no SUS, a partir da assinatura do laudo patológico. No entanto, de acordo com um levantamento da própria organização, de 2013 a 2017, o intervalo entre o diagnóstico e o procedimento para tratar o câncer teve uma média de 81 dias.
Para aqueles atendidos em planos de saúde, a Agência Nacional de Saúde (ANS) também estabelece prazos máximos. As consultas com o oncologista não devem passar de 14 dias úteis, enquanto os procedimentos de alta complexidade devem ser realizados em até 21 dias úteis. Porém, esses períodos ainda podem se estender por diversas variáveis, e para quem aguarda o diagnóstico ou o tratamento de um câncer, a espera é decisiva para a qualidade de vida.
Quando menos é mais
Para diminuir o tempo entre o diagnóstico e o início do tratamento, é preciso uma visão sistêmica da jornada desse paciente, como diz o Dr. Hélio Calabria, idealizador e líder do projeto OC Care Linha de Cuidado, Grupo Oncoclínicas. Essa solução visa agilizar os exames pré-operatórios, a marcação de consultas e as cirurgias do paciente oncológico, além de reduzir a variabilidade do processo, os desperdícios e os retrabalhos e melhorar a eficiência assistencial.
A rapidez e a resolutividade na jornada do paciente proporcionam também economia para instituições, uma vantagem particularmente essencial para as operadoras de saúde na atualidade. Ao mesmo tempo que a adesão aos planos médico-hospitalares cresce no Brasil, as empresas do setor enfrentam problemas econômico-financeiros. De acordo com dados da Federação Nacional de Saúde Suplementar (Fenasaúde), em 2022, mais de 260 operadoras apresentaram dificuldade para cobrir as suas despesas assistenciais, comerciais e administrativas. Isso significa que 33% dos beneficiários de plano de saúde estavam cobertos por empresas que se encontravam “no vermelho”.
Mas como uma jornada do paciente mais eficaz e ágil ajuda na redução de custo? O raciocínio é claro: por exemplo, se uma quimioterapia é iniciada no estadiamento inicial, o número de ciclos será menor. No entanto, se levar muito tempo para começar, pode aumentar em 10 vezes o número de ciclos. Isso eleva muito o custo do cuidado. Quando não há uma integralidade na assistência, a quantidade de exames realizados desnecessariamente tende a ser grande.
O crescimento da demanda por assistência nos últimos anos é outro fator que tem intensificado esse impacto nas operadoras de saúde. Por causa da pandemia de covid-19, houve uma drástica redução dos atendimentos eletivos. Um levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM) revelou que houve uma queda de 26,9 milhões desses procedimentos, entre março e dezembro de 2020. Entre as áreas mais afetadas estavam a neurologia, cardiologia, oftalmologia e medicina clínica.
Conforme o número de infecções por coronavírus se tornava menos alarmante, os usuários de plano de saúde voltavam a buscar serviços médicos que não se caracterizam como urgência ou emergência. O principal problema disso é que, frequentemente, os indivíduos já apresentavam quadros mais graves da doença, por conta do adiamento da assistência, tornando o tratamento mais caro. Nesse caso, a visão sistêmica da jornada desse paciente é ainda mais fundamental para evitar prejuízos maiores.
Resolutividade, acolhimento e humanização
Além disso, os hospitais e clínicas de especialidades podem melhorar os seus resultados assistenciais com um acompanhamento contínuo e um cuidado integrado e personalizado. Como ressalta o Dr. Hélio Calábria, “o que o paciente busca no cuidado oncológico é resolutividade, acolhimento e humanização”.
Para o indivíduo que enfrenta o câncer, soluções como a OC Care Linha de Cuidado representam o aumento da sobrevida e a melhoria da qualidade de vida, além de amenizar os efeitos da fragmentação da saúde suplementar. “Se só é possível realizar alguns exames em uma unidade e determinados procedimentos em outras instituições, de forma ágil e estruturada, agimos para que o paciente não sofra com essa demora e evite se deslocar para vários lugares”, exemplifica.
Não é só a chegada, é o caminho
A rastreabilidade do paciente é crítica para o tratamento oncológico. É preciso saber de onde o indivíduo veio, para onde vai, quais procedimentos devem ser realizados e quanto tempo leva para concluí-los. A equipe que cuida do paciente e os gestores devem avaliar esses dados, pois isso ajuda a planejar a jornada com eficiência. A análise inclui desde o cirurgião e o oncologista até a gestão executiva das empresas que fornecem serviços à linha de cuidado.
Um estudo idealizado pela Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (INTERFARMA) esclarece que a jornada do paciente é o ponto de partida para reunir dados sobre fatores como: ações de rastreamento e diagnóstico precoce, tempo gasto no tratamento, características da assistência privada e os custos diretos e indiretos do câncer.
O acesso a essas informações, bem como entender o caminho do paciente oncológico e ter um direcionamento preciso, são desafios para as operadoras. Mas os benefícios são claros. Então, fica evidente que se o desfecho favorável é o que se busca, precisamos refletir ainda mais sobre como tornar mais ágil e correto esse caminho.
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O time de comunicação da Pharma e-Connection agradece ao Dr. Helio Calabria, Gerente Médico Executivo Nacional do grupo Oncoclínicas, que foi nosso entrevistado para a produção deste material.
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